Só orar não basta!

O dia 12 foi um dia que ficará na história do povo brasileiro, não como um bom dia a ser lembrado, mas como um dia de tristeza, revolta, vergonha e todos os adjetivos que se refiram a impunidade. Vimos, apesar de tudo que foi dito, visto e ouvido, um homem poderoso, o presidente do senado, ser absorvido pelos seus pares, num processo de cassação que teve todo o apoio da imprensa, denunciando o abuso deste homem. Não sei qual é a vergonha maior, se a de o povo continuar sendo representando por um corrupto ou se a vergonha dos seus pares, não todos é claro, em deixarem se tornar marionetes do desmando, descaso e omissão. É muita vergonha pra um povo só! Para mim, aliás, a principal vergonha é mesmo para nós. Porque estes caras roubam, enganam, mentem e permanecem nas suas posições, usufruindo do dinheiro público e ainda vão para a tv com a cara mais cínica falar de “democracia”, “estado de direito”, “princípio da presunção da inocência” e um monte de baboseiras. Não que estas coisas sejam baboseiras. Baboseiras são as argumentações deles, chamando mais uma vez o povo de estúpido, ao pensarem que vamos acreditar nestas idiotices.

Sei que você pode estar me perguntando: “mas o objetivo deste blog não é falar de Deus, do Evangelho e do amor?”. É claro que é! E é disto que estou falando. Falar de justiça é falar de Deus. Falar de transformação é falar do Evangelho. E falar do respeito as pessoas é falar do amor. É aqui que enfrentamos um grande problema. Pensamos que as coisas lá do alto nas quais devemos pensar como bem disse Paulo é pensar em anjos, línguas estranhas, cavalos de fogo, dançar no espírito, ter visões, revelações e profecias. Nosso conceito de espiritualidade é superficial, distante e não faz diferença nenhuma na vida dos homens. É por isso que o Evangelho é boas novas. É a chegada do poder e da graça de Deus que transforma a vida dos homens. Veja que isto é ser espiritual. E fala do dia-a-dia. Fala das nossas lutas, dores, aflições, mortes, temores, derrotas, vitórias, idas e vindas. Para nós, espiritual são apenas as coisas e os seres celestes. Tudo aquilo que Deus plasmou no homem é espiritual. É lógico. Se algo ou alguém é de Deus como pode não ser espiritual? Portanto, viver numa sociedade justa também é espiritual, o poder constituído ao homem (políticos) também é espiritual. Não roubar, não enganar, não mentir, não oprimir o povo, o órfão, o pobre e a viúva são coisas espirituais também. Ou não? É isto que a Santa Palavra diz.

O que vimos então foi uma afronta a santidade de Deus. Esta situação é grave porque não é um fato isolado. É grave porque está presente em todos os segmentos da vida. A corrupção é o genes do pecado estragando e destruindo a obra maravilhosa que Deus criou. Não podemos olhar para uma situação como esta e dizer: “ah! isso é coisa da política”. Quem diz isso, é mais ignorante que uma criança que está aprendendo a contar até dez. É tempo de despertarmos e não aceitarmos mais estas aberrações. Eu pergunto a você, será que nestes momentos não é hora de marcharmos para Jesus? Sim, porque quando alguém marcha para Cristo, está profetizando a destruição do diabo e das suas obras (incluindo a corrupção) e trazendo a existência a vida de Deus na terra. Gostamos de fazer eventos, ajuntar, fazer barulho, mas até que ponto isto denuncia o pecado e conclama a verdade de Deus? Será que realmente pensamos que só estamos fazendo alguma coisa para Deus quando tal prática é carregada das nossas concepções de religiosidade? Lutar por uma sociedade mais justa, pela igualdade entre todos e exigir que nossos líderes sejam homens honrados, descentes e justos não é um dever nosso de cristão? Será que ficar falando do Evangelho é a única maneira de sermos úteis às pessoas, à comunidade na qual vivemos e ao mundo que estamos? Será que dar comida aos famintos, dar de beber aos sedentos, visitar os presos, vestir os nus através de uma atitude que forçará nos governantes a não se apropriarem do dinheiro do povo e investir em políticas públicas também não é o Evangelho sendo ministrado ao coração (e ao corpo) dos necessitados? Creio que sim! Precisamos repensar sobre o tipo de Igreja que temos sido e deixar Deus trabalhar em nós. Fazendo isto, teremos a chance de “trabalhar” melhor por um mundo melhor. Afinal, Jesus disse “dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Dar a César o que é dele figura darmos aos homens é o que humano, as virtudes, o exemplo, os valores e também o galardão das suas obras, mesmo que isso implique em prisão. Dar a Deus o que é dEle é honrá-lo como Ele é digno de ser honrado. Isso implica em obediência, adoração, compromisso, viver de modo digno como Ele nos vocacionou, entregando a Ele nossa própria vida. Honrar a Deus sempre implica em buscar o Seu Reino e a Sua Justiça, seja na nossa relação com Ele mesmo ou com nossos semelhantes. Seja também em qualquer esfera do nosso viver, pessoal ou coletivo. Se preocupar com o futuro dos líderes do nosso país é se preocupar com o pessoal e com o coletivo. Denunciar, não aceitas os desmandos de homens desonestos, protestar contra eles é dever nosso. Ou Jesus não protestava continuamente contra os líderes da sua época, sacerdotes e escribas? Ele não mediu conseqüências, denunciou todos quanto pôde. Jesus estava preocupado só com a salvação dos judeus? Claro que não! Estava também preocupado que a nação judaica se tornasse mais justa, igualitária e humana. Não devemos nos preocupar com a nossa também? Que Deus nos ajudar a pensar melhor sobre o que significa ser cidadão celeste. Somos celestes, mas somos humanos, e ainda vivemos na terra. É nossa obrigação ser ativo no processo de transformação do nosso país, não só evangelizando e sendo um exemplo, mas denunciando todo tipo de pecado da nossa nação, seja de quem for. Mesmo que seja a do presidente da mais importante casa legislativa do país. “A quem muito é dado muito será cobrado”, tanto a nós, cristãos como também a todos que são investidos de autoridade. Estamos no mesmo barco, precisamos agir. É nosso dever. Amém.