
Embora o título desta reflexão pareça ser contraditório, ele está em linha com o princípio divino. Duas pessoas, duas histórias, duas realidades de vida. Uma, sendo pobre, manifestou-se rica. O outro, pela sua riqueza demonstrou que precisava enriquecer. Uma, mesmo sendo viúva e já não ter tanto tempo de vida, apontou o começou de uma história. O outro, no auge do seu viver, sentenciou como seria o seu fim. Às vezes fico meditando sobre como como as pessoas podem pensar que podem impressionar a Deus. Muitos, com suas pompas a adornos, acreditam que Deus está muito admirado das suas ações. Outros, com suas mortais conquistas também pensam terem feito muito pra Deus. Esta realidade de vida ilustra bem a diferença entre o jovem rico e a viúva pobre. Quero que neste momento você medite comigo e veja em que pé você está. Vamos contemporizar a história. Aquele menino fora criado nos palácios. Também fora criado na igreja, desde cedo, aprendeu a ser um excelente religioso. Cumpridor dos seus deveres. Boas comidas, roupas da moda, sapatos de marcas, internet veloz, tv a cabo, ipod, notebook, palm top, quarto só pra ele, com tv de led, 50 polegadas. Aos sábados, depois da Rede de Jovens que nunca faltava, ia passear com a galera jovem gospel, comer uma boa pizza, sempre com coca-cola. Ou então ia no MacDonald comer um sanduíche que parecia mais uma montanha. Acabara de ganhar de presente do seu pai um carro zero, esportivo, bancos de couro, completo, por ter conseguido passar na Faculdade, logo após terminar o ensino médio, mas principalmente porque seu pai estava satisfeito com seu envolvimento na igreja. Tocava nos cultos e ainda era um dos principais líderes da juventude. Com seus muitos irmãos-amigos, depois do culto de domingo, pagava mais lanche e sorvete pra todo mundo. Dinheiro não lhe faltava, afinal era rico. Sempre tinha uma turma a sua disposição, querendo desfrutar da sua companhia. Na galera da igreja, era sempre uma dos mais solicitados. Todos ficavam admirados em como era comunicativo, falante, como se dava bem com seus pais, e o futuro brilhante que lhe aguardava. Alguns diziam: "esse vai ser um grande pastor, um homem de Deus". Ele ficava lisonjeado. Ele nunca havia defraudado nenhuma das irmãs jovens da igreja. Nunca pegaara nada de ninguém, afinal sempre tinha o que queria. Jamais havia mentido. Não precisava. Não inventava fatos sobre as pessoas. Era um menino "de boa", não criava situações com ninguém. Longe dele pelo menos pensar em ferir a vida de alguém. Era um bom menino. Dentro de casa, era um filho que todo pai e mãe queriam ter. Jamais dera algum problema a estes. Seus pais só ouviam boas coisas a seu respeito. Era um filho querido. Era muito cordial com os mais velhos, respeitoso com as moças, amigo dos meninos e tratavam bem as crianças. Era o sonho de toda sogra e projeto de marido que toda mulher queria ter. Até o dia teve o encontro com a Verdade. O próprio Verbo Vivo estava diante dEle. Ele não titubeou. Rasgou um elogio. "Bom Mestre", chamou por Jesus, como jovem polido que era, sempre preparado para o bom trato com os mais velhos. Foi seu primeiro confronto. "Por que me chamas de bom? Bom só a um que é Deus!" Ele balançou, mas manteve a pose. Ouviu atentamente cada palavra do Senhor da Vida. A cada sentença de Jesus, no seu entendimento ia confirmando: isso eu faço, isso eu faço... Foi o que verbalizou depois: "Tudo isto faço, ainda me falta alguma coisa? Pobre pergunta! Já não bastasse ter perguntado algo que já possuía a resposta, agora se sai com outra questão que degolou suas pretensões de sair dali, diante de todos, como alguém que "fazia tudo correto". Tiro no pé, foi o que aconteceu: "Queres realmente ser perfeito, abre mão das tuas riquezas, dos teus confortos, da tua zona de segurança, e vem pra mim, vem viver pela fé, vem andar comigo nas estradas empoeiradas de Israel. Vem comer o pão que se multiplica no deserto. Dos peixes que eu indico em que parte do mar está. Sai da tua condição segura e entra na minha chamada de viver na fé". Foi o que o Senhor disse, em outras palavras. "Vende tudo o que tens, reparte entre os que tem quase nada, vem e segue-me", sentenciou. Caiu a casa. Caiu a aparente vida de piedade. Caiu o amor disfarçado. O que restou foi um semblante triste, que revelou o comprometimento com a vida farta que levava neste mundo. O rico mostrou-se pobre. Sua riqueza era sua pobreza. O que mais lhe dava segurança fora o desequilíbrio do seu viver. Continuou. Rico, mas cabisbaixo. Prefiro pobre mas de cabeça pra cima. Mas essa foi a viúva. Recursos míseros. Pobreza elevada. Escassez abundante. Porém, coração generoso, fé contagiante, amor verdadeiro. "Aí vai minhas únicas moedas. Graças à Deus porque alguém vai ter pelo menos o pão para hoje". "Na minha pobreza, vou agir como rico, como alguém que tem e pode ajudar". "Tenho muito pouco, mas o pouco que tenho vou repartir". Jesus viu. Jesus aprovou. Jesus se regozijou. Foi a maior oferta para Jesus. Ali não estava só dinheiro. Estava a vida, amor aos necessitados e respeito pela presença do Eterno. "Ele está lá e não vou decepcioná-lo". Não decepcionou. Emocionou. Emocionei também. Não precisamos falar muito da viúva. É só ser como ela. Quero ser assim. Se tiver de ser pobre, vou sê-lo, mas darei esta minha pobreza para que alguém tenha pão, mesmo que seja um. Se for o Pão da Vida então, minha alegria será mais completa ainda. Deus te abençoe.
Sérgio Lira
Nenhum comentário:
Postar um comentário