Deserto, o caminho para a espiritualidade (a excelência do deserto)
Este tÃtulo não é propriamente meu. É o tÃtulo de uma mensagem que ouvi em 31 de março de 1993, ministrado por um grande pastor, que depois se tornou um amigo. Esta mensagem mexeu tanto comigo que até hoje ainda reflito nela. Quando alguém lê o tÃtulo desta reflexão pode até entender que há alguma contradição no que escrevo. Pode questionar, por exemplo, como o deserto, lugar terrivelmente quente durante o dia e horrivelmente frio no perÃodo da noite, habitado por cobras mortÃferas, escorpiões venenosos, uma terra que não tem sombra, água ou condições mÃnimas de vida pode ser um lugar de excelência. Certamente não estou falando de um deserto fÃsico, formado de areia e constituÃdo de contÃnuas tempestades. O que estou fazendo é uma analogia das realidades e condições de um deserto, espaço geográfico, fÃsico, com um outro tipo de deserto, aquele que acontece dentro do coração dos homens. O que neste texto chamo de deserto são aquelas exatas situações que enfrentamos nessa finita e limitada jornada humana, marcada de fatos que nunca desejamos, mas que acontecessem sempre, à revelia da nossa vontade e querer, que nos sufocam e nos fazem enfraquecer na caminhada da vida, exigindo de nós toda força que possuimos e, muitas vezes, que não possuimos. O deserto que me refiro são os das perdas, das dores, dos medos, das ansiedades, das guerras interiores e exteriores, das afrontas, das acusações, das desmoralizações, do descrédito, da escassez, do desprezo, da injúria, da ofensa grave, da nossa consciência de pecado e de derrotas que forçosamente temos que enfrentar.
O mesmo amigo-pastor que ministrou a mensagem que este reflexão é tema, em outra mensagem declarou que Deus não nos fez preparados para sofrer, que nossa estrutura humana não foi feita para este modus vivendi. A pureza, singeleza, beleza e harmonia de nossa alma estava representada no Jardim do Éden. Tal como era o jardim, assim também era a alma humana. O jardim foi criado para receber uma alma perfeita. O projeto original do Pai era (e ainda é) que fôssemos felizes, vivêssemos bem, sem crises, sem perdas e frustrações. Ele nos fez para vivermos abençoadamente sobre a face da terra, na companhia uns dos outros e, sobretudo, diante dEle. Mas como disse antes (se bem que é a Escritura Sagrada que diz) o pecado entrou e “arrumou” (entenda-se bagunçou, destruiu, arruinou) à sua maneira, a casa de Deus, nós mesmos, da maneira que bem (ou mal) quis, destruindo a perfeição daquele que era a imagem e semelhança do AltÃssimo. E o que isso tem haver com deserto? É simples, e também grandioso, como você vai ver. É que não existe lugar mais adequado, mas apropriado e mas necessário também para experimentarmos a Graça de Deus que no deserto. Romanos 5.8 diz que Deus nos amou quando nós ainda éramos pecadores! Não sei você, mas isto me comove. Eu fui amado quando não amava, entendido quando não sabia entender, aceito quando não aceitava, compreendido quando ainda não compreendia, liberto quando era o pior dos escravos, tanto do pecado como também do inferno. Deus me amou. Simplesmente me amou! Ele decidiu usar aquilo que era tragédia, as circunstâncias desfavoráveis da vida, para me trazer e guiar-me a Ele e encontrar-me com Ele! Ele usa os desertos da vida, toda situação difÃcil que passamos, situações estas, inclusive, fruto da herança da natureza decaÃda que habita em nós, para se revelar de forma grandiosa e triunfante a cada um de nós nos nossos desertos. Ele usa estas circunstâncias para demonstrar Seu amor e cuidado, e de "quebra" (e que quebra!) ainda nos fazer crescer, tornando-nos pessoas melhores, mais humanos, e, maravilhosamente, nos resgatando de volta ao projeto original à imagem e semelhança quando nos criou no princÃpio! Isso não é fantástico?
É por isso que ao passarmos por momentos de lutas, nosso coração precisa estar nEle a fim de que, quando chegarmos no fim da guerra, lembremos que foi o Senhor que nos guiou no deserto, que usou as circunstâncias mais dolorosas do nosso viver para nos trazer alÃvio, para nos livrar de nós mesmos, de nossas mazelas, das encrencas da nossa alma, de todo mal que recebemos, fruto do nosso erro, da nossa transgressão. Culpar Adão dizendo que Ele é o responsável pelo nosso sofrimento é não ter a consciência que Deus nos fez livre para seguir o nosso caminho, em obediência a Ele, coisa que para nós é o grande desafio deste viver. Se Adão representava a humanidade e falhou, Cristo, o Filho Perfeito, estende suas mãos poderosas para que nós representemos a Ele mesmo, no caminho da esperança, da fé e do amor.
Diante de cada acontecimento contrário a nossa paz, o Senhor nos dá a chance de mudar a história, de termos um novo rumo na vida, pela Sua mão, em nossas viagens pelos desertos que caminhamos.
O deserto é excelente porque nos permite refletir, olhar para nós mesmos, reconhecer as nossas péssimas escolhas e, sobretudo, vou ser redundante, principalmente, porque nos dá a chance de tomar o caminho de volta para Deus. É como se o deserto se personificasse, criasse voz e nos dissesse: “O que você tem feito da sua vida? Quais os rumos que você tem tomado? Como andam as suas escolhas? É tempo de voltar, corrigir os erros do passado, não olhando para trás, mas acertando o caminho que está à nossa frente, e assim seguir adiante!”. O deserto é o lugar de encontro conosco mesmo. Isto é muito real! Certa vez, numa dessas crises existenciais que todo mundo experimenta, Deus me fez ver a mim mesmo, como uma criança, nua, correndo num deserto e chorando. Mas o mais magnÃfico de tudo foi que, à medida que eu corria e chorava no deserto, a minha Visão se expandia e subia, como num zoom, e chegava até os céus, e eu me via como Deus estava me vendo. Não sei se você acredita nisso, mas foi o que me aconteceu. O que eu aprendi nesta lição foi que, enquanto choramos no deserto e sofremos as nossas dores, nossa visão se amplia, exatamente porque o desejo de Deus é que conheçamos como somos conhecidos.
O Senhor quer que eu e você nos vejamos como Ele nos vê. Tenho uma profunda convicção que nossa única chance de mudar, crescer e ser transformado, passa pelo milagre de conseguirmos enxergar quem realmente somos. E o deserto faz isso. Porque são nestes momentos, por mais que tenhamos pessoas ao nosso redor, nos vemos na condição de solitários, porque nada e nem ninguém é suficiente para nós quando estamos vivenciando nossos desertos. Nele, somos desafiados a enfrentarmos as nossas lutas. Ou lutamos ou morremos. Prefiro morrer lutando a morrer sem lutar. Morrer como guerreio que morrer como covarde!
Meu amado irmão, quero dizer à você sem medo de ser herético: bem-aventurado é aquele que passa pelo deserto, porque passando por ele, se decidir corretamente, experimentará a forte, grande e infinita mão do Senhor, e assim experimentará ao próprio Senhor! O deserto é excelente porque nos permite conhecer Deus, sua verdade, sua vontade e seu amor. O que há melhor que estas coisas? Não sei você, mas para mim, viver alguns desertos tem me levado à verdadeira grandeza do ser: estar perto de Deus! Deus lhe abençoe ricamente.
Este tÃtulo não é propriamente meu. É o tÃtulo de uma mensagem que ouvi em 31 de março de 1993, ministrado por um grande pastor, que depois se tornou um amigo. Esta mensagem mexeu tanto comigo que até hoje ainda reflito nela. Quando alguém lê o tÃtulo desta reflexão pode até entender que há alguma contradição no que escrevo. Pode questionar, por exemplo, como o deserto, lugar terrivelmente quente durante o dia e horrivelmente frio no perÃodo da noite, habitado por cobras mortÃferas, escorpiões venenosos, uma terra que não tem sombra, água ou condições mÃnimas de vida pode ser um lugar de excelência. Certamente não estou falando de um deserto fÃsico, formado de areia e constituÃdo de contÃnuas tempestades. O que estou fazendo é uma analogia das realidades e condições de um deserto, espaço geográfico, fÃsico, com um outro tipo de deserto, aquele que acontece dentro do coração dos homens. O que neste texto chamo de deserto são aquelas exatas situações que enfrentamos nessa finita e limitada jornada humana, marcada de fatos que nunca desejamos, mas que acontecessem sempre, à revelia da nossa vontade e querer, que nos sufocam e nos fazem enfraquecer na caminhada da vida, exigindo de nós toda força que possuimos e, muitas vezes, que não possuimos. O deserto que me refiro são os das perdas, das dores, dos medos, das ansiedades, das guerras interiores e exteriores, das afrontas, das acusações, das desmoralizações, do descrédito, da escassez, do desprezo, da injúria, da ofensa grave, da nossa consciência de pecado e de derrotas que forçosamente temos que enfrentar.
O mesmo amigo-pastor que ministrou a mensagem que este reflexão é tema, em outra mensagem declarou que Deus não nos fez preparados para sofrer, que nossa estrutura humana não foi feita para este modus vivendi. A pureza, singeleza, beleza e harmonia de nossa alma estava representada no Jardim do Éden. Tal como era o jardim, assim também era a alma humana. O jardim foi criado para receber uma alma perfeita. O projeto original do Pai era (e ainda é) que fôssemos felizes, vivêssemos bem, sem crises, sem perdas e frustrações. Ele nos fez para vivermos abençoadamente sobre a face da terra, na companhia uns dos outros e, sobretudo, diante dEle. Mas como disse antes (se bem que é a Escritura Sagrada que diz) o pecado entrou e “arrumou” (entenda-se bagunçou, destruiu, arruinou) à sua maneira, a casa de Deus, nós mesmos, da maneira que bem (ou mal) quis, destruindo a perfeição daquele que era a imagem e semelhança do AltÃssimo. E o que isso tem haver com deserto? É simples, e também grandioso, como você vai ver. É que não existe lugar mais adequado, mas apropriado e mas necessário também para experimentarmos a Graça de Deus que no deserto. Romanos 5.8 diz que Deus nos amou quando nós ainda éramos pecadores! Não sei você, mas isto me comove. Eu fui amado quando não amava, entendido quando não sabia entender, aceito quando não aceitava, compreendido quando ainda não compreendia, liberto quando era o pior dos escravos, tanto do pecado como também do inferno. Deus me amou. Simplesmente me amou! Ele decidiu usar aquilo que era tragédia, as circunstâncias desfavoráveis da vida, para me trazer e guiar-me a Ele e encontrar-me com Ele! Ele usa os desertos da vida, toda situação difÃcil que passamos, situações estas, inclusive, fruto da herança da natureza decaÃda que habita em nós, para se revelar de forma grandiosa e triunfante a cada um de nós nos nossos desertos. Ele usa estas circunstâncias para demonstrar Seu amor e cuidado, e de "quebra" (e que quebra!) ainda nos fazer crescer, tornando-nos pessoas melhores, mais humanos, e, maravilhosamente, nos resgatando de volta ao projeto original à imagem e semelhança quando nos criou no princÃpio! Isso não é fantástico?
É por isso que ao passarmos por momentos de lutas, nosso coração precisa estar nEle a fim de que, quando chegarmos no fim da guerra, lembremos que foi o Senhor que nos guiou no deserto, que usou as circunstâncias mais dolorosas do nosso viver para nos trazer alÃvio, para nos livrar de nós mesmos, de nossas mazelas, das encrencas da nossa alma, de todo mal que recebemos, fruto do nosso erro, da nossa transgressão. Culpar Adão dizendo que Ele é o responsável pelo nosso sofrimento é não ter a consciência que Deus nos fez livre para seguir o nosso caminho, em obediência a Ele, coisa que para nós é o grande desafio deste viver. Se Adão representava a humanidade e falhou, Cristo, o Filho Perfeito, estende suas mãos poderosas para que nós representemos a Ele mesmo, no caminho da esperança, da fé e do amor.
Diante de cada acontecimento contrário a nossa paz, o Senhor nos dá a chance de mudar a história, de termos um novo rumo na vida, pela Sua mão, em nossas viagens pelos desertos que caminhamos.
O deserto é excelente porque nos permite refletir, olhar para nós mesmos, reconhecer as nossas péssimas escolhas e, sobretudo, vou ser redundante, principalmente, porque nos dá a chance de tomar o caminho de volta para Deus. É como se o deserto se personificasse, criasse voz e nos dissesse: “O que você tem feito da sua vida? Quais os rumos que você tem tomado? Como andam as suas escolhas? É tempo de voltar, corrigir os erros do passado, não olhando para trás, mas acertando o caminho que está à nossa frente, e assim seguir adiante!”. O deserto é o lugar de encontro conosco mesmo. Isto é muito real! Certa vez, numa dessas crises existenciais que todo mundo experimenta, Deus me fez ver a mim mesmo, como uma criança, nua, correndo num deserto e chorando. Mas o mais magnÃfico de tudo foi que, à medida que eu corria e chorava no deserto, a minha Visão se expandia e subia, como num zoom, e chegava até os céus, e eu me via como Deus estava me vendo. Não sei se você acredita nisso, mas foi o que me aconteceu. O que eu aprendi nesta lição foi que, enquanto choramos no deserto e sofremos as nossas dores, nossa visão se amplia, exatamente porque o desejo de Deus é que conheçamos como somos conhecidos.
O Senhor quer que eu e você nos vejamos como Ele nos vê. Tenho uma profunda convicção que nossa única chance de mudar, crescer e ser transformado, passa pelo milagre de conseguirmos enxergar quem realmente somos. E o deserto faz isso. Porque são nestes momentos, por mais que tenhamos pessoas ao nosso redor, nos vemos na condição de solitários, porque nada e nem ninguém é suficiente para nós quando estamos vivenciando nossos desertos. Nele, somos desafiados a enfrentarmos as nossas lutas. Ou lutamos ou morremos. Prefiro morrer lutando a morrer sem lutar. Morrer como guerreio que morrer como covarde!
Meu amado irmão, quero dizer à você sem medo de ser herético: bem-aventurado é aquele que passa pelo deserto, porque passando por ele, se decidir corretamente, experimentará a forte, grande e infinita mão do Senhor, e assim experimentará ao próprio Senhor! O deserto é excelente porque nos permite conhecer Deus, sua verdade, sua vontade e seu amor. O que há melhor que estas coisas? Não sei você, mas para mim, viver alguns desertos tem me levado à verdadeira grandeza do ser: estar perto de Deus! Deus lhe abençoe ricamente.
* texto escrito em 18.09.2007. Feito alguns ajustes nas palavras, mas não no conteúdo.
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